terça-feira, 22 de outubro de 2013

O capacete recordista de Alonso

Fernando Alonso divulgou imagens do capacete comemorativo que usará no GP da Índia de F1. Ele usará a cor predominante branca com as inscrições "1571" nas laterais e no topo do casco, número esse que marca quantos pontos ele já registrou na Fórmula 1 até hoje, suplantando o recorde de Schumacher e que já fora de Prost.

Só que esse recorde é de pé bem quebrado, pois os critérios de pontuação atuais são muito mais generosos com os pilotos de hoje que nos tempos de Senna, Prost e mesmo Schumacher:

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Até 1990, só os 6 primeiros pontuavam e o vencedor anotava 9 pontos (9, 6, 4, 3, 2, 1). Entre 1991 e 2002 o vencedor passou a ganhar 10 pontos, ainda com só os 6 primeiros pontuando. Em 2003 os 8 primeiros passaram a pontuar (10, 8, 6, 5, 4, 3, 2, 1) e desde 2010, todos os 10 primeiros pontuam e com um numero de pontos bem mais farto (25, 18, 15, 12, 10, 8, 6, 4, 2, 1), sem falar que as temporadas atuais tem cerca de 19 a 20 etapas, contra 15 a 16 daqueles tempos, isso sem falar que com o congelamento do desenvolvimento de motores os carros de hoje praticamente não quebram, criando um cenário muito mais favorável ao crescimento dos números dos atuais pilotos.

Não quero com isso diminuir o grande piloto que Fernando Alonso de fato é, e ao celebrar esse feito ele também não perdeu a oportunidade de reforçar ainda mais sua aura de "melhor piloto da atualidade", mas, convenhamos, esse seu número ainda que meritório é bem menos impressionante quando observado com o mínimo de cuidado histórico necessário.


Kvyat, a escolha da Toro Rosso

Antonio Felix da Costa, Carlos Sainz Jr. e o eleito Danii Kvyat
E ontem, como todos acompanharam, a equipe Toro Rosso anunciou a contratação do jovem piloto russo Danii Kvyat para substituir o australiano Daniel Ricciardo ao lado de Jean-Eric Vergne em 2014. Mas porque?

Todos achavam que essa vaga seria, por merecimento e anterioridade, de Antonio Felix da Costa, o piloto revelação que também faz parte da academia de novatos da Red Bull e está a mais tempo sendo preparado para ascender à Fórmula 1, mas ele teve uma temporada difícil na F-Renault V6 (terminou em 3º no campeonato e obteve 3 vitórias num carro que não era o melhor do grid) e o indecifrável Helmut Marko costuma ser implacável com tropeços e com sua inflexibilidade já enterrou a carreira de outros jovens talentosos. Sob o ponto de vista da experiência, até outro novato, o espanhol Carlos Sainz Jr. faria mais sentido nessa vaga, mas este também não faz um grande ano.

Que fique claro, porém, que o russo não é um piloto ruim, ao contrário: venceu corridas em quase todas as categorias que competiu, e hoje está na luta pelo título na GP3, mas sua inexperiência com carros de maior potência e velocidade chama a atenção, especialmente quando a equipe tinha, como vimos acima, nomes mais indicados para a vaga. Só que o russo tem um grande vantagem competitiva sobre o português: o seu país! A Rússia é um mercado muito mais interessante para ser conquistado nas vendas de latinhas de energéticos, visto que lá moram 150 milhões de potenciais compradores ante aos 10 milhões de habitantes dos nossos irmãos portugueses.

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Kvyat no teste de novatos em julho: seus rivais foram mais rápidos.

Além disso não custa lembrar que 2014 é o ano que estréia a corrida de Socchi e ter um piloto local disputando essa temporada e corrida leva ao encontro interesses da Red Bull e de Bernie Ecclestone, que teria um empurrãozinho nas vendas de ingressos e possivelmente na audiência da transmissão da temporada, lembrando que outro russo, o Sirotkin, também deve estrear pela Sauber.

Com isso, enfim, o jovem piloto russo terá a oportunidade de provar seu talento na categoria máxima do automobilismo, sem antes ter se preparado na F-Renault V6 nem na GP2 repetindo em menor grau o desafio de Kimi Raikkonen em 2001, que pulou da ainda mais distante F-Renault 2.0 direto para o cockpit da Sauber. Ao mesmo tempo sinaliza que o programa de talentos da Red Bull, que aparentemente priorizava o talento dos pilotos acima de tudo, também parece considerar os cada vez mais práticos e influentes apelos financeiros.