terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Balanço da temporada: Red Bull

Encerrando o ciclo de avaliação do desempenho das equipes de Formula 1, iniciado lá de baixo com a Virgin, A Red Bull fecha, assim como sua própria temporada, com chave de ouro essa sessão.

Já desde a segunda metade de 2009 o RB5 mostrou-se um carro superior a todos os demais no grid, Brawn inclusive, mostrando a força daquele chassis especialmente depois que teve seu difusor duplo instalado.

Fechando aquela temporada em alta, ficava claro que o ano seguinte, sem grande mudanças de regulamento, contariam com uma excelente base para seu próximo carro.

E foi o que aconteceu. O RB6 foi a evolução natural do bem sucedido modelo do ano anterior, mas dessa vez com seu duplo difusor não mais adaptado, e sim desenhado desde os primeiros rabiscos na prancheta para extrair o máximo de desempenho em perfeita sintonia com todo o projeto do carro, incorporando soluções inovadoras como o câmbio inclinado para aumentar o espaço do difusor e os escapamentos baixo, para alimentá-lo de gases quentes.

Além do difusor ainda inovaram nas polêmicas asas dianteiras flexíveis, que até agora acredita-se que não era apenas a asa que se inclinava, e sim toda a frente do carro a partir da dianteira do assoalho que também se inclinaria conforme ganhava velocidade.

Enfim, quaisquer que tenham sido os artifícios usados por Adrian Newey na construção desse carro, era garantia de maior velocidade nas curvas de média e alta velocidades, compensando com folgas as reclamações da equipe sobre a alegada falta de potência dos motores Renault, algo muito relativo, uma vez que as potências são próximas e o que se perde dela se ganha em dirigibilidade e economia de combustível (peso a menos no carro), conforme Adam Parr, o diretor técnico da Williams lembrou durante o ano.

O calcanhar de Aquiles do carro entretanto, era sua durabilidade. Em pelo menos 3 ocasiões Vettel perdeu vitórias certas por problemas mecânicos, seja nos freios, seja no câmbio ou motor, e com isso se distanciou da liderança do campeonato, algo que só viria a exercer quando foi efetivamente o campeão.

Mas nem só de carro vive uma equipe, seus pilotos tem um papel fundamental e nesse ano Webber e Vettel protagonizaram um belo duelo nas pistas e fora delas, com vantagem de Webber nessa segunda modalidade.
Nas pistas Webber capitalizava sua regularidade e sangue frio, enquanto Vettel, mais afoito cometia alguns erros tolos, que o faziam patinar na busca de sua taça de campeão, talvez sentido a pressão psicológica de seu companheiro que mostrava-se surpreendentemente veloz e aguerrido.

No fim do ano, entretanto, Vettel venceu 3 das 4 últimas corridas (só não venceu as 4 porque o motor o deixou na mão enquanto liderava na Coréia) e foi a vez de Webber dar mostras de abatimento com a recuperação do alemão. Pode-se adicionar a isso a hoje conhecida fissura no ombro do Australiano, que pode ter pesado em sua queda de desempenho, mas como o próprio nega, crio que o peso dessa dor não foi determinante na derrocada de Webber.

No fim, de maneira apoteótica, Vettel venceu Alonso e Webber na disputa pelo título e passou a imagem que na F1 o bem (Red Bull) pode vencer o mal (Ferrari e suas ordens de equipe), o que pode ser uma maneira simplista e até inocente de enxergar a F1, mas que certamente vem muito a calhar para a imagem da categoria como esporte.

Para 2011 as mudanças nas regras não são radicais, mas certamente mais consideráveis do que as entre 2009 e 2010 e nessas oportunidades equipe boas podem cair (como Ferrari e Mclaren em 2009) e equipes que não estão no topo pode mostrar alguma força (a própria Red Bull), mudando um pouco o jogo de forças no Grid.

Nessas horas quem tem, uma vez mais, uma boa base do carro do ano anterior e um engenheiro criativo e arrojado como Newey pode ser dar bem. De novo.