sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

Balanço da temporada: Ferrari

Depois de um ano praticamente perdido em 2009 com um carro ruim e um de seus pilotos nocauteado por um acidente no meio da temporada, a equipe italiana radicalizou: Demitiu seu piloto mais caro o ex-campeão mundial (pela própria Ferrari) Kimi Raikkonen, mesmo mantendo o pagamento de seu salário por mais um ano e contratou para seu lugar o bicampeão Fernando Alonso.

Além disso, diferentemente da Mclaren que se esforçou para recuperar a competitividade de seu carro ainda durante aquela temporada, preferiram enterrar os desenvolvimento do F60 e focar no carro de 2010, que seria em tese o carro para voltarem ao topo.

Com os primeiros dias de testes do carro 2010, ao mesmo tempo que ficou claro se tratar de um carro melhor que seu anterior, ja apareceram os primeiros rumores de que o carro não seria rápido o suficiente e precisaria ser amplamente revisto numa segunda versão, conforme cantei a bola AQUI .

Iniciado o campeonato, a vitória de Alonso no Bahrein iludiu os mais entusiasmados que chegaram a acreditar que seria uma temporada arrasadora da esquadra Italiana.

Mas o engano foi passageiro. Terminada a corrida inicial evidenciou-se que o carro não tinha a mesma velocidade de suas rivais Mclaren e sobretudo, Red-Bull, tanto que só foram ganhar de novo depois de 10 corridas e, para coroar, ainda foi a mais suja, vil, baixa e torpe vitória do campeonato de 2010, com Felipe Massa sendo obrigado a dar passagem a Fernando Alonso para logo em seguida ambos fazerem discursos afinados de que nada aconteceu e que não houve ordem.

Desde então a Ferrari passou a ter sua própria e numerosa torcida contra, sobretudo porque suas duas rivais diretas davam provas, em todas as corridas, de que seus pilotos recebiam um tratamento realmente igual para disputar o título.

O carro desde o meio do ano entretanto, melhorou, passando por várias modificações aerodinâmicas e mecânicas (lembrem-se dos motores que quebravam) e chegou a um nível de competitividade que permitia pontuar mais robustamente e aproveitar os vacilos da Red Bull quando essa cometia algum erro ou sofria problemas e perdia corridas ganhas, o que permitiu a Alonso chegar na etapa final na improvável posição de favorito e líder do campeonato.

Mas eis que o destino aprontou das suas e o Espanhol caiu do cavallino e perdeu o campeonato encaixotado atrás da improvável Renault de Petrov enquanto Vettel saboreava mais uma de suas vitórias, essa definitiva e arrebatadora.

Quanto à seus pilotos, bem, não ha muito a se dizer que já não seja sabido: Fernando Alonso deu um banho em Massa em todo o ano, sobretudo em sua metade final. Massa sofreu com os novos pneus que não aqueciam como deveriam e nem ele nem a Ferrari conseguiram resolver completamente esse problema na temporada. Além disso, aquela ultrapassagem de Alonso nos boxes da China serviu de alerta a Felipe que seu companheiro seria muito mais duro do que ja prometiam os especialistas. O fato é que Alonso construiu pouco a pouco uma vantagem na pontuação relevante o suficiente a ponto de convencer a Ferrari a fazer uso da imoral ordem interna para fazer Felipe ceder sua vitória na Alemanha. Nesse momento ele percebeu que apesar de seus nove anos de vínculo com os italianos, foi o espanhol e em apenas 6 meses que conquistara a confiança, simpatia e até preferência da equipe e isso jogou sua motivação ja abalada por um carro pouco feliz ao seu estilo de pilotagem, no subsolo.

2011 deverá ser para a Ferrari um ano melhor em matéria de carro, que segundo (sempre) prometem, será mais veloz que esse desde o começo. Para seus pilotos entretanto, vejo uma situação perigosamente estabilizada com Alonso confortavelmente instalado na posição principal e Massa na secundaria. Caberá ao brasileiro rearranjar suas forças para superar o espanhol nas pistas - desde o começo do ano - e reconquistar a confiança da equipe para evitar ter que ouvir novas mensagem desagradáveis pelo rádio, especialmente agora que elas foram liberadas pela FIA.

O poder de reação de Felipe Massa em 2011 será decisivo para sua carreira na Ferrari com consequências diretas no seu futuro na F1. Se ele for bem, a escolha entre ficar na Ferrari ou aceitar convites de equipes boas e com possibilidades de lhe dar um carro para disputar título será dele, que estará no controle da situação. Já se seu desempenho for medíocre, parecido com o desse ano, poderá até ser dispensado da Ferrari e convites em equipes "menos boas" é o que restarão e consequentemente suas chances de título minguarão. Mas não se iludam, Felipe não entregará os pontos sem muita luta.