
Por exemplo: pneus. Ano passado Pirelli distribuiu 30 jogos de pneus para cada equipe para os testes de inverno (nesse ano pode ser menos, visto que são só 3 sessões de testes), e o uso de cada um desses jogos é livre. Só nisso, se o carro sai com pneus super-macios e outro com duros, já temos cerca de 2 segundos de diferença. Além disso, podem ser novos ou usados.
Vamos continuar: Gasolina. Um tanque de F1 carrega cerca 160 quilos de combustível. A cada 10 litros a dele, os tempos de volta de um carro variam de 3 a 4 décimos. Multiplique isso por 160 litros e temos só aí mais cerca de 5 segundos de diferença entre um carro que está na pista testando configuração de largada (tanque cheio) e configuração de classificação (tanque vazio). Mais: Asa móvel! Se a equipe testa sem usá-la, simulando uma corrida onde não está atrás de nenhum outro carro para pode acioná-la, o tempo pode ser entre meio segundo mais alto que o mesmo carro que abra a asa em todas as retas ou mesmo nas curvas de raio mais longo.
Também temos o KERS. São 80 cavalos a mais a disposição do piloto e as equipes podem testar com ele ligado ou desligado, outro fator que mexe diretamente no resultado dos tempos em cerca de 3 décimos por volta. Ainda não acabou! Temos outras variáveis: as diferentes opções de ajuste de suspensão, relação de freios, marchas, o gerenciamento eletrônico de motor, acelerador e transmissão, a configuração aerodinâmica do carro com itens como o ângulo dos aerofólios e dos defletores, tipo de assoalho utilizado, sua altura em relação á pista (cada milímetro a mais muda em cerca de 1 a 2 décimos o tempo de volta), mistura de combustível (mais ricas, que consomem mais, mais pobres e econômicas), tudo isso também resulta em alguns décimos ou até segundos de diferença nos tempos...
Opa! Ia esquecendo de mais uma variável! As condições da pista. Elas variam conforme a hora do dia, pois a temperatura, quanto mais fria, dá mais potência ao motor do carro e ainda no frio o ar fica mais "denso", melhorando a eficiência aerodinâmica do carro, sem falar que dependendo da hora e do dia, a pista está mais emborrachada e limpa (melhorandoa aderência) só aí já temos mais outros décimos a mais ou a menos nos tempos
Agora misture todas essas dezenas de combinações, com cada equipe querendo testar e entender algo diferente nos seus carros e não temos mais certeza de quem é quem no jogo deforças do grid.

Resumo da ópera: Se não as equipes rivais sabem exatamente onde está a concorrência, nós temos que encarar com muita, mas muuuuuuita cautela os tempos de voltas nos testes de inverno, pois todas essas enormes variáveis podem criar abismos de até de 8 segundos entre os tempos de um mesmo carro, dificultando ver a realidade de cada equipe e – importante – até comparar desde já quem é o mais rápido entre os companheiros de um mesmo time, visto que a cada dia eles podem estar usando acertos diferentes.
Podemos até tirar uns apontamentos, sentir quem parece mais forte sob esse ou aquele critério, mas a verdade precisa mesmo, só será realmente conhecida na qualificação da 1ª corrida do ano daqui umas semanas.