sexta-feira, 23 de abril de 2010

Comédia Stand-up

Ha tempos venho ensaiando apresentar meu proprio material de humor nos moldes de "Stand-up Comedy".
Mas como escrever comédia? Como estruturar uma apresentação? Duvidas que como cupins na madeira fragilizavam meu projeto.

Bom, eu gosto de stand-up, do formato simples e direto de fazer humor, do despojamento da apresentação, sem recursos, sem personagens, etc.

A primeira coisa, pensei eu, é assistir essas apresentações que agora pululam cidade afora. Parece que todos os engraçadinhos de todas as turmas resolveram se apresentar fora de seu grupinho. E lá fui eu pelos barzinhos da vida, pagando couvert artístico a torto e a direito. Assisti muita gente boa, como o Luiz França, Rafinha Bastos, Warley Santana e Carol Zócoli. Também assisti muita gente fraca, que não vou dizer o nome, obviamente.

Notei que muitos comediantes lançam mão de palavrões para serem engraçados, o que não é necessariamente garantia de risos, pelo menos da minha parte.

Mas em alguns momentos, mais interessante ainda do que as apresentações é o público. Tem de tudo nesses barzinhos em Moema que recebem esses tipos de apresentação: Tem o "engraçadinho da turma" que ainda não quer fazer o seu show, mas acha que pode rivalizar em humor como astro da noite e fica com papinhos paralelos durante a apresentação atrapalhando as mesas próximas, ou fazendo "intervenções" na apresentação do comediante, ou ainda fazendo sua imitação do Silvio Santos pro garçom quando vai pedir o tabasco pra comer com sua porção de pasteizinhos engordurados. Outro tipo de pessoa que freqüenta esses shows é o do riso fácil (esses são extremamente bem vindos) em que basta o comediante desejar boa noite que ele já começa a se contorcer na cadeira de tanto rir.


O público desse tipo de espetáculo em geral não se incomoda em sentar em quatro pessoas numa mesa menor que um criado mudo, passar aperto, ficar com o pescoço girado à 270 graus para ver o palco atrás da pilastra, etc. São pessoas que realmente gostam de comédia de qualidade e sabem que vale a pena um pouco de sacrifício em troca de se ver retratado, ao menso em parte, nos comentários afiados de quem está sobre o palco, ou pelo menos um pouco de fuga de seu dia a dia repetitivo.


Para um iniciante como eu, o público tende a ser muito gentil, e até tolerante e se você for razoável, pois nas noites de "open mic" (microfones abertos) o público ja espera algo assim. Diferente por exemplo do público de Jazz. Se você for um músico ruim vai ter gente amarrando tomate no iô-iô só para poder te atirar tomate mais vezes na sua cara. No Stand-up você não receberá ovos e terá subsídios para corrigir o que não deu certo para uma próxima apresentação, seja no que você falou, seja em como você falou.


Um dia a moda do stand-up vai passar, e aí só quem é realmente bom vai se manter na área, ou pelo menos conseguir ganhar a vida com isso. Os aventureiros que não se estabelecerem voltarão para o conforto de suas turmas, entretendo-as nos churrascos de fim de semana e assim seguirá a vida.

Vamos ver como as coisas se encaminham...

PS: Para ilustrar essa crônica coloquei a imagem de Jerry Seinfeld, um dos grandes responsáveis por popularizar esse tipo de humor entre os brasileiros mais jovens graças ao seu seriado de mesmo nome.