domingo, 20 de março de 2011

O que esperar de Rubens Barrichello em 2011

Rubens Barrichello entra em 2011 na sua 19ª temporada de Formula 1, tendo disputado mais de 300 corridas e alcançado números bastante significativos na categoria: 11 vitórias, 14 poles position, 68 pódios. Apenas por essas informações o nome de Rubens Barrichello deveria ser unanimidade entre os admiradores de Formula 1. Deveria, mas não é.

Não é porque o brasileiro, incentivado por parte da mídia, acredita que qualquer resultado que não seja o 1º lugar não é digno de admiração e reconhecimento. Para o brasileiro médio, quem não vence tudo sempre "não presta", mesmo que ele mesmo, o corneteiro, seja um zero à esquerda e nunca tenha ganhado nem um torneio de biriba. São as idiossincrasias de nosso povo contraditório e muitas vezes ignorante no assunto que se propõe a palpitar.

Mas a opinião contrária, por mais mal fundada que seja, quando respeitosa, deve ser respeitada silenciosamente. Rubens Barrichello sabe disso e pratica, mas desde que saiu da Ferrari em 2005, tem se empenhado em reconstruir sua imagem junto ao público brasileiro, que dá demonstrações cada vez maiores de que está entendendo o recado (quem estava no GP Brasil do ano passado sabe do que estou falando).

Os anos na Honda foram duros, mas todos viram que ao menos era tratado com idoneidade e em 2009 teve um grande ano na Brawn, onde amealhou 2 vitórias que só não foram mais porque a equipe mostrou  letargia ao atender seu pedido para trocar a problemática marca de freios do seu carro - assim que trocou, o placar contra Button mudou um bocado a favor do brasileiro. Esse ano positivo na Brawn cacifou Barrichello a fechar com a Williams para 2010, equipe que vinha numa curva descendente desde 2005, último ano de sua parceria coma a fabricante de carros BMW.

Em seu primeiro ano na Williams Rubens recebeu um carro de projeto conservador, graças em parte ao novo motor Cosworth que reestreava e que demandou cerca de 1 mês de adaptação para ter um chassis projetado segundo suas peculiaridades pela equipe. Com isso em mente, a Williams decidiu que não era o momento de ousar e sim de construir um carro robusto para num campeonato de transição conseguir passar o ano da melhor forma possível e evoluir durante o ano o quanto fosse possível.

Missão cumprida à risca graças em muito a chegada de Barrichello que trouxe sua experiência e motivação, transformando o carro inicialmente lento, senão num foguete, mas num membro regular do Q3 e pontuador assíduo.

Terminado 2010, 2011 significaria para nas projeções da Williams, o momento que eles tanto ansiavam: O ano de estréia de um carro arrojado, criado com base nos mais de 30 anos de ensinamentos técnicos e lastreados na experiência prática de Barrichello - nascia o FW33, um carro com desenho inovador e que tem como ambiciosa missão reconduzir a Williams a um papel de maior protagonismo na Formula 1.

Mas alto lá!

Não esperem vê-los na disputando roda a roda o título e as vitórias com a Red Bull, não é esse o caso e eles mesmos sabem disso. A ambição da equipe e Barrichello com esse carro é se destacar à frente do pelotão intermediário, com mais possibilidades de obter um melhor resultado caso as favoritas vacilem ou as estratégias de corrida permitam.

Segundo as palavras do brasileiro o carro nasceu mais rápido que o do ano passado, o que revela maior potencial para bons resultados, mas o KERS da equipe tirou valiosa quilometragem nos testes, sobretudo para Maldonado e ainda paira sobre o aparato a dúvida se realmente não deixará a equipe na mão nas corridas, sobretudo as primeiras. Lembre: a Williams é a única equipe que está estreando esse equipamento em 2011. As outras bem ou mal já têm experiência da temporada 2009 e esses ajustes naturais de noviciado que estão atrapalhando um pouco no começo do ano da equipe de Grove.

Resumindo: esperem de Rubens Barrichello um ano melhor que o de 2010, mais pontos, melhores posições de largada e até um ou outro pódio ocasional, mas se preparem também para a eventualidade dele não terminar algumas provas por causa do KERS e assuntos correlatos.

Como em 2010, deverá superar seu novato companheiro de equipe na maioria das corridas, graças à sua segurança, expertise e tranqüilidade (Pastor Maldonado é mais do que um piloto pagante, é aguerrido e reconhecidamente rápido, mas ainda afoito e um pouco estabanado em disputas de posição). Com uma relação harmônica, confortável e saudável, Barrichello e Williams deverão manter a parceria para 2012, tendo o brasileiro um bom ano e queira.

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