sexta-feira, 30 de abril de 2010

Rubens Barrichello - 2ª Parte

2002 - Com um carro que se aproximava da perfeição, Barrichello teve condições de voltar a vencer corridas. Mesmo enfrentando alguns problemas mecânicos que tendiam a acontecer apenas em seu carro, acabou vice-campeão, perdendo alguns pontos e vitórias garantidas "em nome da equipe", (como no famigerado GP da Áustria) e tendo que correr com um carro defasado em relação ao companheiro em pleno GP Brasil, evidenciando a prioridade de tratamento italiana por Schumacher.


2003 - Com um carro bom mas longe da excelência do modelo anterior, o F-2003GA proporcionou a Barrichello a oportunidade de voltar a frequentar os pódios e a vencer corridas, (Silverstone e Suzuka), mas voltou a ter alguns problemas de confiabilidade em 3 etapas do campeonato, como na Hungria por exemplo, onde a equipe culpou a pilotagem do piloto pela absurda quebra de suspensão em plena reta.




2004 - Com esse carro Barrichello volta a desfrutar de um equipamento muito superior aos das demais equipes. Uma vez mais, teve que se contentar com estratégias que benefiaram primordialmente Schumacher, sendo deixando em segundo plano. Ainda assim, com grande regularidade, conquistou vitórias na China e no Japão e outros 12 pódios, garantindo seu segundo vice-campeonato e sendo, como nos quatro anos anteriores, decisivo na conquista do campeonato de construtores para a Ferrari.

2005 - Em seu último ano na equipe italiana, Barrichello já estava cansado de ficar em segundo plano e rompeu seu contrato que valia até o fim de 2006. O carro desse ano foi especialmente fraco, com falta de "downforce", não conseguindo obter dos pneus Bridgestone o mesmo desempenho que rivais equipadas com Michelin. Ironicamente, a única vitória da Ferrari foi o GP dos EUA, onde todos os carros com pneus franceses não largaram pois seus pneus eram muito frágeis e estourariam.




2006 - Depois de 6 anos na Ferrari, Barrichello agora estava numa equipe nova, com tratamento realmente igual ao de seu companheiro. Seu primeiro ano na equipe japonesa foi de adaptação, pois câmbio, controle de tração, motor, funcionamento e mentalidade da equipe e até mesmo a marca de pneus eram completamente diferentes das que estava acostumado. Ainda assim terminou o campeonato melhor classificado do que no seu ultimo ano de Ferrari.

2007 - Nesse ano negro como a pintura do carro, a Honda meteu os pés pelas mãos e produziu o pior carro que Barrichello já guiara em toda a sua carreira, nas palavras do próprio. Com sérios problemas de frenagem e estabilidade, não permitiu ao brasileiro terminar o campeonato nem com um mísero ponto, mesmo tendo terminado 12 das 17 corridas na frente de Jenson Button, a quem coube ao inglês marcar os únicos 2 pontos da equipe. Ainda assim, Rubens teve seu contrato renovado para 2008.

 2008 - Quando dizem que raios não caem 2 vezes no mesmo lugar, é por não conhecer a Honda. lá o raio da incompetência caia todos os dias e nesse ano mais um péssimo carro foi produzido, mesmo com a chegada do ex-Ferrari Ross Brawn, que pouco pode fazer pelo carro que já pegou pronto. Rubens, heróicamente, conseguiu alguns bons pontos e um notável pódio na chuva de Silverstone. No fim do ano, viu sua equipe abandonar a Formula 1 e ficou com próprio o futuro incerto na categoria

2009 - Depois de ver seu nome "aposentado" por jornalistas com fontes holísticas, teve sua experiência como fator decisivo para ser escolhido por Ross Brawn na equipe que substituía a Honda. Com um carro muito rápido e confiável criado ainda em 2008 com o vasto orçamento nipônico, Barrichello ainda teve a seu favor os ótimos motores Mercedes e a despeito de problemas de freio na 1º metade do campeonato, conseguiu recuperar-se na 2ª metade, ganhando corridas e disputando o título. Ao fim do ano, assinou com a Williams.

2010 - Com um carro equipado com motores "novatos" na Formula 1, Barrichello vem superando seu companheiro de equipe, o igualmente novato e atual campeão da GP2 Nico Hulkenberg, de quem arrancou elogios recentemente por sua velocidade. Sua vasta experiência também vem sendo de fundamental importância para o desenvolvimento da equipe, que mesmo com orçamento menor que suas rivais, vem buscando crescer e se surpreende com a excelência do trabalho do brasileiro

2011 - Tem contrato para correr na Williams e a julgar pelos seus atuais resultados e sintonia entre ele e a equipe isso deve mesmo ocorrer e possivelmente até se estender para a temporada 2012, se ambas as partes manifestarem interesse de continuar a parceria. Nessa hipótese, Barrichello completaria 40 anos de idade em plena atividade, 20 deles na F-1.

Ao se observar a carreira de Rubens Barrichello com a isenção necessária, torna-se cristalina sua competência, técnica e velocidade, ou não continuaria na categoria mais disputada do mundo Ao longo dos anos, muitos conjecturam que ele deveria ter aceitado o convite para se transferir para essa ou aquela equipe em determinados momentos de sua carreira, arguindo que o fato dele ainda não ter se tornado campeão seria fruto de suas "escolhas erradas", "subserviência" e "foco em ganhar dinheiro". São argumentos absolutamente frágeis, uma vez que desconhecemos o teor dos contratos que teriam sido oferecidos a ele. Não sabemos, por exemplo, se ele teria garantias de ser titular, de estabilidade, etc.

Ao longo de sua prolífica carreira, Barrichello se tornou uma personalidade querida e respeitada no ambiente da formula-1 e no resto do mundo, mas o mesmo não parece acontecer em seu próprio país, em parte  devido a setores da imprensa que incutiram no público a idéia de que Rubens seria o herdeiro do ex-campeão morto, obrigando-o a carregar o pesado manto de "novo campeão da era pós-Ayrton Senna", criando um ambiente irreal e ideal para decepções, posto que são pilotos diferentes, numa Formula 1 da que é outra, com circunstâncias que também são outras, onde a diferença de desempenho dos carros se tornou muito mais determinante nas chances de vitórias. Hoje o próprio Ayrton Senna não estaria a altura dele mesmo, a julgar pelo comportamento insensato de muitos torcedores...

Ao largo disso, Barrichello sobreviveu ao massacre de ter que ser o novo herói das pistas mesmo em equipes fracas ou que não lhe davam o devido tratamento. Hoje essa cobrança recai (tão injustamente quanto antes) em Felipe Massa, que já sofre com "cornetagens" pelo seu inicio de ano menos exuberante que o de seu companheiro Alonso. Com isso, Barrichello tem um pouco mais de paz para buscar seus objetivos imediatos, que é reconduzir a Williams ao crescimento, sem cai na tentação de prometer, entretanto, vitórias ou títulos, como muitos anseiam que ele faça, só para poder execrá-lo se isso não ocorrer.

Assim, pouco a pouco Rubens Gonçalves Barrichello se firma, na opinião dos que realmente entendem de Formula-1, um dos maiores pilotos que já tivemos (temos e teremos) na categoria, a despeito de não ter ganhado nenhum título ainda, algo que que outros grandes pilotos também não o fizeram, como Stirling Moss, Gilles Villeneuve, entre outros. Certamente Barrichello merece, senão a admiração de todos, o que é algo pessoal, mas certamente o respeito por seus feitos, carreira e homem que é dentro e fora das pistas.