segunda-feira, 26 de março de 2012

GP de São Petersburgo - A corrida

A corrida de São Petersburgo foi interessante. Pela primeira vez pudemos acompanhar uma disputa direta entre todos os pilotos equipados com os novos carro DW-12 da Dallara e motores Chevrolet (preparados pela Ilmor), Honda e Lotus (preparados pela Judd).

A corrida em si não foi tão disputada como poderia, culpa do travado circuito de rua que como seus pares no mundo todo dificulta as tentativas de ultrapassagem. Mas houveram trocas de posição na pista sim, e vários pelotões mais compactos se formaram ao longo das 100 voltas, culminando com a merecida e incontestável vitória do brasileiro Hélio Castroneves que tinha ritmo muito forte, sobretudo no final da prova quando abriu confortável vantagem sobre seus oponentes e mostrou que a Penske vem forte em mais esse ano.

Curta a página do BLOG no FACEBOOK clicando AQUI e siga-me no Twitter: @inacioF1

Os demais brasileiros não tiveram não tiveram tanta sorte: Tony Kanaan abandonou com problemas no alternador da bateria quando estava prestes a assumir a liderança da corrida, apenas aguardando os pilotos a sua frente fazerem a  necessária parada de box que ele já havia feito pouco antes. Já o estreante e atração do incio de temporada Rubens Barrichello teve uma corrida discreta em parte por culpa dos problemas nos treinos livres, que o impedi de conhecer melhor o circuito e adaptar seu carro a ele e em parte ao seus estrategista que se enganou nas estratégias de pit-stops e no cálculo do combustível (o marcador estaria quebrado), obrigando o brasileiro a segurar o ritmo para mesmo assim na penúltima volta ter que fazer um splash-and-go, jogando-o para a 17ª posição.

De valioso, entretanto, Barrichello tira as lições aprendidas na prática com uma corrida de verdade, entendendo os ritmos de pit-stop, as estratégias de bandeira amarela, aquecimento de pneus na volta de saída do box, como funcionam os pneus ao longo de uma prova etc, tudo que certamente vai ajudá-lo a ir melhor já nesse próximo fim de semana quando ocorre o GP do Alabama

Abaixo os resultados completos:


Pos.  Piloto                  Equipe/Carro            Tempo/Diferença
 1.  Helio Castroneves    Penske DW12-Chevrolet         1h59m50.9863s
 2.  Scott Dixon          Ganassi DW12-Honda                + 5.5292s
 3.  Ryan Hunter-Reay     Andretti DW12-Chevrolet           + 7.5824s
 4.  James Hinchcliffe    Andretti DW12-Chevrolet          + 10.6526s
 5.  Ryan Briscoe         Penske DW12-Chevrolet            + 11.7854s
 6.  Simon Pagenaud       Schmidt-Hamilton DW12-Honda      + 31.2623s
 7.  Will Power           Penske DW12-Chevrolet            + 34.6582s
 8.  EJ Viso              KV DW12-Chevrolet                + 35.5943s
 9.  Charlie Kimball      Ganassi DW12-Honda               + 43.1425s
10.  Justin Wilson        Dale Coyne DW12-Honda            + 44.3141s
11.  Josef Newgarden      Fisher Hartman DW12-Honda        + 44.8275s
12.  Graham Rahal         Ganassi DW12-Honda               + 45.1080s
13.  Dario Franchitti     Ganassi DW12-Honda               + 45.8468s
14.  Marco Andretti       Andretti DW12-Chevrolet           + 1 volta
15.  Alex Tagliani        Herta DW12-Lotus                  + 1 volta
16.  Oriol Servia         Dreyer & Reinbold DW12-Lotus      + 1 volta
17.  Rubens Barrichello   KV DW12-Chevrolet                + 2 voltas
18.  Ed Carpenter         Carpenter DW12-Chevrolet         + 2 voltas

Não terminaram:

     JR Hildebrand        Panther DW12-Chevrolet            96 voltas
     Mike Conway          Foyt DW12-Honda                   75 voltas
     Sebastien Bourdais   Dragon DW12-Lotus                 73 voltas
     Takuma Sato          Rahal DW12-Honda                  73 voltas
     Katherine Legge      Dragon DW12-Lotus                 59 voltas
     Simona de Silvestro  HVM DW12-Lotus                    22 voltas
     Tony Kanaan          KV DW12-Chevrolet                 21 voltas
     James Jakes          Dale Coyne DW12-Honda             19 voltas

É fácil atacar Massa

Depois de mais um resultado desapontador no GP da Malásia, reiterando o abismo de desempenho entre ele e Alonso visto no GP da Austrália, é muito fácil fazer como muita gente e cair matando em Felipe Massa, pedindo sua cabeça ainda nessa temporada e falar que Sérgio Perez merece seu lugar da Ferrari e que ele está devendo desempenho por sua 3ª temporada consecutiva, mas em que isso ajuda a vocês, leitores, na busca da verdade? Em nada e por isso não é o que farei.

Felipe Massa passará agora por 3 longas semanas de intervalo até o GP da China, e nesse período lerá e ouvirá toda a sorte de impropérios e críticas (algumas delas embasadas) e certamente sua auto-estima, que já não parece estar no topo do Everest, sofrerá mais umas pancadas então vamos entender o que parece ou pode estar acontecendo com ele:

Felipe Massa não se sente confiante pilotando o carro deficiente da Ferrari. Se normalmente Alonso é mais rápido que ele (e provavelmente do que a maioria do grid) em condições normais num carro igual, nesse péssimo carro F2012 a diferença parece se aprofundar por que o espanhol parece conseguir extrair tudo do carro, se sentir mais confortável na condução daquele grande conjunto de deficiências porque aparantemente ele "pegou a mão" e entendeu o carro, inclusive da maioria de seus defeitos.

Curta a página do BLOG no FACEBOOK clicando AQUI e siga-me no Twitter: @inacioF1


Já Massa parece que ainda não conseguiu decifrar todas as inconstâncias do carro, e a cada pequena escapada de frente ou de traseira (aquelas corrigidas rapidamente com contra-esterço ou perdendo ligeiramente o ponto de tangência) ao longo dos treinos ou corrida vão minando pouco a pouco a segurança do brasileiro em tentar extrair o máximo do carro, exatamente porque sabe que se rodar ou ficar na brita da corrida por um erro, a chuva de críticas seria ainda maior.

A solução para que Felipe reduza substancialmente essa diferença de desempenho sobretudo corridas, quando é necessário encaixar não uma, mas dezenas de voltas boas e rápidas, passa necessariamente também por uma evolução do carro da Ferrari, algo que não virá rapidamente, se vier, uma vez que se eles melhorarem a concorrência também deverá fazer o mesmo e a chance da distância competitiva entre a equipe e os rivais se manter existe.

Mas na raiz desse problema está a necessidade de Felipe se fortalecer mentalmente, independente do carro que pilota e talvez aceitar o fato que corre ao lado de um dos mais completos e qualificados pilotos da história da Fórmula 1, sem que isso torne sua vida um tormento, pois ainda assim é um piloto muito bom e pode fazer ótimas corridas. Não vou entrar na discussão de se a molada na cabeça deixou sequelas, o que pode sim ter ocorrido, ma lembremos que já em 2010, após o acidente portanto, Felipe começou a temporada muito aguerrido, chegando no pódio à frente de Alonso, por exemplo. O divisor de aguas em sua moral, entretanto, foi a ordem de equipe no GP da Alemanha naquela mesma temporada: desde então Massa nunca mais foi ao pódio, mostrando que o baque parece ter sido enorme.

Sem papinho de auto-ajuda zen ou de tapar o sol com a peneira, mas sim como alguém que tenta enxergar o que acontece sem pretensão de saber a verdade nem cair no caminho fácil do sensacionalismo, penso que independente da Ferrari melhorar seu carro, Felipe tem que melhorar sua cabeça, espiar as aflições e "demônios internos" que tiram sua paz interior - inclusive ao volante - uma vez que o primeiro passo para superar os problemas na vida é reconhecer e aceitar que os tem, identificando-os corretamente para poderem ser trabalhados.

Felipe tem como sair dessa espiral de maus resultados, tomara que consiga.