terça-feira, 13 de setembro de 2011

Os erros da Williams

Desde o fim da parceria com a BMW a Williams, com raras excessões, tem tomado muitas decisões erradas. A mais recente foi ter aceitado a demissão do diretor técnico deles Sam Michael, já anunciado como novo Diretor Esportivo da McLaren, mostrando que o mercado sabe que não era ele o problema na equipe azul e branca.

Mas quem, então, seria o grande responsável pela decadência do time? Pela até hoje infeliz dispensa de Adrian Newey em 1997 (ele queria ser diretor técnico e Patrick Head não queria abrir mão desse cargo, dizem) e a mal sucedida parceria com a BMW os nomes ainda são os de Patrick Head, Frank Williams e Mario Thiessen, mas desde 2006, ano da estreia da Williams sem o apoio dos alemães o novo "CEO", isso é, diretor geral e manda-chuva é Adam Parr, um homem até então sem nenhuma tradição ou mesmo conhecimento do mundo do automobilismo, egresso do mercado financeiro.

E o que ele conseguiu desde sua chegada? Que a equipe ano a ano perdesse competitividade nas pistas e consequentemente patrocinadores de peso. A lista de nomes que deixaram a equipe em sua gestão é numerosa e estelar: RBS, Accenture, Allianz, Petrobras, Hamleys, Budwiser, Philips, FedEx, Puma, Castrol, Tata Motors, Air Asia, Lenovo, All Saints, Hell, M&L...

"Mas a Williams vem tendo balanços positivos há alguns anos, revertendo os prejuízos de outros tempos", dirá alguém. sim. O grupo Williams, que tem negócios paralelos como desenvolver KERS para a indústria automotiva (Porsche, Jaguar, etc) vem tendo balanço positivo, mas a equipe em si vê seu orçamento diminuir com a debandada de patrocinadores. E qual o resultado?

A perda de Rosberg em 2009 para a mais sedutora Mercedes e depois a triste dispensa do talentoso Nico Hulkenberg para a entrada de Pastor Maldonado que, vá lá, não tem decepcionado, foram outras das decisões erradas. Mas de qualquer modo foi uma óbvia opção pelos petrodólares (que por virem diretamente do ditador Hugo Chavez, espanta eventuais outros patrocinadores temerosos da associação de imagem) em detrimento a um plano de longo prazo que Hulkenberg representava.

Além disso, fecharam uma infrutífera parceria com a Toyota em 2007 que os obrigava a andar com o fraquíssimo Kazuki Nakajima, o que lhes custou valiosos pontos no campeonato e na credibilidade. Agora com a pífia temporada de 2011 a Williams, 6ª no campeonato de construtores em 2010, amarga a 9ª colocação só a frente das nanicas Lotus, Virgin e HRT, o que significa menos dinheiro da divisão de direitos de imagem pago por Bernie Ecclestone (com base na posição final do campeonato) e o risco de mais algum patrocinador sair. Então o que Adam Parr, com sua mente financista estaria pensando? "Vou leiloar a outra vaga da equipe, de Rubens Barrichello!" E como consequência ouvimos boatos de que Adrian Sutil com seus patrocinadores no bolso e outros novatos bem fornidos já estariam conversando com a equipe para substituir o experiente brasileiro, justamente agora em 2012 quando a equipe estará com nova equipe técnica, novos motores e precisando de toda experiência possível para já começar o ano com um carro mais acertado. Ora, Barrichello já correu com motores Hart, Peugeot, Ford, Ferrari, Honda, Mercedes, Toyota (num teste com a Williams no fim de 2009), Cosworth... Se ha alguém útil para a equipe agora é ele, que ainda é claramente competitivo e motivado.

Para mim, parece que o problema da equipe é sumamente gerencial e quem responde por essa área é justamente o senhor Parr, que leva a Williams, com as devidas distintinções de história e infra-estrutura, para o mesmo caminho trilhado pela Tyrrell, que nos seus estertores vivia a base de pilotos pagantes, por mais que no discurso dissessem que acreditavam verdadeiramente neles.

A Williams vai falir como a Tyrrell? Não creio, mas se leiloar suas duas vagas dificilmente a equipe poderá se ver livre dos pilotos pagantes e provavelmente ficará sendo figurante no meio do grid, sendo usada como trampolim para os pilotos chegarem a equipes melhores ou, se não tiverem futuro, ficarem por lá até seus dinheiros acabarem. Ah! Mas ainda assim haveriam brilharecos ocasionais em algumas corridas, para a alegria dos saudosistas.

Acorda Williams!

7 comentários:

Christiano disse...

Analisando a realidade atual, eu ficaria muito feliz se o VJ Malia (é assim que escreve?) fizesse uma permuta do Sutil com o Rubinho. Para isso, o indiano teria que ter um dinheiro que não viesse do brasileiro. Se essa hipótese se concretizasse, tenho plena certeza que a FI estaria à frente, pelo menos, da Barbie da Mercedes (e até do vigarista, por que não?).
Temos que esperar, mas perder o SM foi burrice, como bem avaliastes. Não foi à toa que a Mclaren já se pronunciou acerca disto de pronto.
Sorte ao Rubinho, pois é o que lhe resta em meio à tantos erros e incompetências superiores.

Pedro Araújo disse...

Boa análise. Não sabia que o Adam Parr veio do meio financeiro. Isso explica muita coisa mesmo.

Cristiano Mendonça disse...

(que por virem diretamente do ditador Hugo Chavez, espanta eventuais outros patrocinadores temerosos da associação de imagem).
Lamentável discurso preconceituoso,farsante, digno de uma "veja" que é sinônimo de lixo fétido.

Márcio Spósito disse...

Cristiano Mendonça, o Hugo Chavez é DITADOR e isso é lamentável sim! Ou você apóia um cara desses? Já pensou se os presidentes que entrassem no Brasil quisessem ficar a vida toda no poder como ele está fazendo com a Venezuela?
A Venezuela tem uma péssima imagem no mundo!

Ney Augusto da Silva disse...

Perfeito Inácio. O Problema é sim gerencial, como de vários clubes brasileiros no futebol. A Willians Necessita de uma mudança Urgente, ou eu prefiro que Rubens SAIA da Willians.

José Inácio Pilar disse...

Christiano,

Essa é a minha visão.

Atrelar o nome de uma empresa ao de uma Petrolífera "neutra" é uma coisa, atrelá-la a uma petroleira comandada por um ditador cujo pais só regride e que recentemente mandou apoio à Kadaffi publicamente, é outra.

Eduardo Siqueira disse...

Concordo plenamente. Deixemos de hipocrisia e sejamos mais sensatos. Não podemos defender um regime ditador em que tudo é proibido. Vivemos em um país onde podemos nos expressar de todas as formas, não sofremos nenhum tipo de retaliação. É muito fácil defender ou criticar alguma coisa que não vivemos e onde quem sofre são os outros. Farsante e preconceituoso é falar o que não sabemos e defender o que não vivemos. Menos hipocrisia e mais bom senso