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A sintonia da nova dupla já era evidente meses atrás |
Então, conforme já havia circulado durante o GP Brasil, a Williams realmente confirmou nessa 4ª feira a contratação do finlandês Valteri Bottas no lugar do Brasileiro Bruno Senna. Varias perguntas me foram feitas no Twitter sobre dessa informação: Bruno decepcionou? Bruno nunca teve as mesmas chances de Maldonado, tendo que emprestar o carro quase toda sexta pra Bottas? A equipe fez uma boa troca?
A primeira coisa que fica clara é que esse troca-troca de pilotos todos os anos (Hulkenberg, Maldonado, Senna, Bottas) não é positivo para equipe nenhuma e indica que a Williams não está tendo a calma necessária para fazer apostas de longo prazo bancando as apostas anteriores até ter certeza de sua viabilidade e muitas vezes priorizando dinheiro à talento - embora se diga que Bottas levaria menos patrocínios que Bruno.
A Williams, assim como quando dispensou Barrichello, também ficou dividida com a dispensa de Senna, pois há uma turma interna que queria a permanência do brasileiro para que ele mostrasse, já mais experiente e sem ter que emprestar o carro nas sextas-feiras, um melhor desempenho ano que vem, mas Toto Wolff, sócio da equipe e agente de Bottas bateu o pé e, mostrando os bons tempos do finlandês nos treinos de sexta, se convenceu que era uma melhor aposta a longo prazo (algo que como disse, ele nem sempre esperaram pra ver).
O piloto brasileiro se viu muito prejudicado na busca pelo acerto do carro nos fins de semana com essa necessidade de emprestar o carro à Bottas quase todos os primeiros treinos. Isso pesa sim no fim de semana. Mas, além disso, ficou no ar que ele ficou devendo em relação a Maldonado mesmo descontado isso: O venezuelano se classificou quase sempre à frente dele e passou ao Q3 muito mais vezes que Bruno e por mais batidas, rodadas que tenha aprontado, quem ganhou uma corrida e fez uma
pole position foi Pastor.
Se a Williams fez bom negócio ou não, só tempo dirá, mas a escolha de ter mais um novato sempre tem suas implicações negativas para o time, pois inicialmente apenas Pastor vai dar contribuições mais significativas para a evolução e acertos do FW35, ao passo que Valteri, mesmo que aprenda rápido, ainda estará um passo atrás, descobrindo o caminho das pedras, como Hulkenberg no começo de 2010, e quando comparado à equipes com dois pilotos mais rodados, pode tornar lenta a evolução da equipe como um todo.

Ao meu ver, portanto,
a equipe errou ao dispensar Senna, como errou quando fez o mesmo com Barrichello e com Hulkenberg, pois tenho certeza que sem ceder seu lugar nos treinos de sexta-feira e já mais experiente, Bruno teria um 2013 bem melhor. É um conceito simples: com pilotos melhores e mais rodados, a equipe alcançaria melhores resultados, pontuaria mais, chegaria mais à frente no campeonato de construtores, ganharia mais dinheiro da F1 e se tornaria mais atrativa à grandes patrocinadores, escapando da necessidade de pilotos pagantes. Mas eles optaram pela visão de curto prazo, por melhor que Bottas venha a ser.
Mas a decisão está tomada e agora resta lidar com os fatos não com os "e se" da vida. Quais as alternativas reais para Bruno Senna? Segundo falei com gente próxima a ele, Force Índia e Caterham não alternativas reais e a Lotus, que ainda não confirmou Grosjean, não é uma possibilidade real, pois a petroleira francesa Total o quer (e banca) por lá, mas se houver condições, adorariam conversar. Mas vamos falar das alternativas concretas: Na
Force Índia, por ser uma equipe competitiva, a vaga custa mais caro e a competição é maior, com Sutil, Bianchi, Razia e Alguersuari. Sutil tem a simpatia de Vijay Mallya pelos já comprovados bons serviços prestados e teria algum apoio financeiro dos computadores Lenovo. Bianchi tem o apoio da Ferrari e como a Force Índia poderá trocar os motores Mercedes pelos italianos em 2014, as coisas poderia já ir se adiantando, mas a inexperiência do piloto pesa, já que a equipe quer alguém com bagagem suficiente para pontuar e desenvolver o carro desde o começo, não um "aprendiz" em fase de desenvolvimento. Razia foi bem visto nos testes que fez por lá meses atrás, conta com bons patrocínios (não tão ricos como a imprensa alemã circulou) e é vice-campeão da GP2, mas assim como Bianchi, estrearia na F1 e essa inexperiência poderia pesar negativamente. Por fim Alguersuari, que desde o começo do ano "ameaça" fechar com alguma boa equipe e nunca fecha, ficando muito só no gogó, mas tem lá seu prestígio e algum dinheiro, mas nada de extraordinário que o bote na liderança.
Quanto ao Senna, teria cerca de 10 milhões de dólares em patrocínios para essa vaga
e 2 anos e meio de experiência, além do potencial de marketing do
sobrenome Senna, que não é desprezível. Além disso, se olharmos 2012,
ele frequentou mais a zona de pontuação do que seu veloz companheiro e isso tem sim, seu peso também.
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Já na
Caterham, apesar de ser uma equipe menor e com menos chances competitivas, a briga também é dura, pois também conta com gente boa no páreo (além de Senna, tem Razia, Van der Garde, Petrov, Kovalainen...), mas certamente o valor para correr lá que Senna e seus apoiadores estariam dispostos a levar seria menor, já que a exposição das marcas e retorno publicitário também o seriam, lá no fim do grid - a equipe teria que topar esse valor menor e o piloto poderia correr o risco de ver alguém com mais dinheiro cobrir a oferta.
Além disso, Grosjean ainda não foi confirmado na Lotus, então embora seja mais difícil (e mais caro) correr lá, vai que uma grata surpresa aparece de última hora.
A favor, de Bruno nessas duas equipes, além dos mesmo fatores que coloquei nos parágrafos anteriores, teria a marca de motores Renault, que tem interesse (não é confirmado) em ver o sobrenome Senna continuar atrelado à sua marca.
Vamos aguardar e ver como isso vai terminar, mas aquilo que disse na minha coluna de semana passada continua valendo: tem muita gente (boa) que vai ficar a pé...