terça-feira, 16 de agosto de 2011

A fábrica de boatos da F1

Durante essas 4 semanas de férias da Formula 1 muitos jornalistas do mundo todo ficam sequiosos para abastecer de notícias seus veículos de trabalho e manter a venda de seus impressos ou frequência de visitantes em seus portais. Para isso alguns profissionais menos sérios transformam qualquer teoria em notícia.

Hoje leio em alguns sites que Livio Oricchio do Estadão teria "indicado" que Jules Biancchi, que faz uma temporada discreta na GP2 (está em 4º com o mesmo numero de pontos do 5º) seria o possível substituto de Barrichello na Williams. Vou transcrever o trecho que teria originado a história toda:

"(...)Resgatar esse período de ouro de sua história será muito difícil a curto prazo, até porque a escuderia precisaria, como vimos, de no mínimo do dobro do orçamento e um projeto de carro eficiente para chegar ao pódio com regularidade, realidade pouco provável, ao menos para 2012. Mas é preciso um click. O primeiro passo já foi dado: reestruturar a área técnica. O próximo é tentar melhorar a receita.

Aí começam os problemas de Rubinho. Frank Williams lhe paga, e bem, para correr. Estima-se que não seja menos de US$ 5 milhões por temporada. E há pilotos jovens no mercado com quantia de dinheiro semelhante ou superior para estrear na Fórmula 1, a exemplo do monegasco Stefano Coletti, do italiano Davide Valsecchi, do inglês Sam Bird e do francês Jules Bianchi, todos da GP2. Bianchi é da escola Ferrari, mas precisa mostrar o que pode fazer na Fórmula1 antes de sonhar competir na escuderia de Maranello. A Williams seria uma boa porta de entrada.(...)"

Me parece bem claro que Lívio apenas teorizou sobre o tema, isto é, "pensou alto", mas foi o que bastou para que alguns portais transformassem a teoria em "notícia" na ânsia de ter do que escrever. Não vou aqui me aprofundar na teoria em sí pois esse não é o objetivo dessa coluna, o que saliento é o curto caminho que algo que era teórico e despretensioso se tornou real e ganhou o mundo como algo sólido e quase consumado.

E a lista de boatos desse assunto é longa: primeiro foi Timo Glock que foi cotado para o Lugar de Rubens Barrichello, depois veio Adrian Sutil, seguindo-se em paralelo o nome de Nico Hulkenberg e agora a bola da vez na indústria dos boatos para substituir Barrichello é Jules Bianchi. Pode acontecer? Sim, tudo na vida pode acontecer, porquê não? Mas a probabilidade é que vejo como pequena, menor até que em algumas das teorias anteriores, pois se a Williams escolher seus dois pilotos pelo critério financeiro, corre o risco de passar recibo de desesperada, e quem quer voltar a ser grande não pode escolher seus dois pilotos por critérios meramente financeiros, como a Tyrrell fazia em seus estertores.

É preciso colocar ao lado de Maldonado alguém que some, que não precise aprender tudo do zero, porque a Williams precisará de um carro bem ajustado e de bons resultados desde a primeira corrida de 2012, pois não há patrocinadores que resistam a mais uma fraca temporada como essa. Nesse sentido não creio que a equipe tenha tempo para esperar Maldonado desabrochar totalmente no aprender do caminho das pedras e ao mesmo tempo ter ao lado dele alguém ainda menos experiente. É o que penso.

Como disse em outros artigos sobre essa novela da renovação ou não de Barrichello com a Williams, esses rumores não cessarão até um anúncio oficial da equipe e do piloto sobre o tema, o que não deve acontecer tão cedo. Até lá paciência e uma boa dose de bom senso nos ajudarão a entender melhor esses boatos que são criados a partir das mais improváveis ou inocentes premissas.

(Para ler a íntegra do artigo do Lívio Oricchio clique aqui)