quarta-feira, 28 de novembro de 2012

E agora, Bruno Senna?

A sintonia da nova dupla já era evidente meses atrás
Então, conforme já havia circulado durante o GP Brasil, a Williams realmente confirmou nessa 4ª feira a contratação do finlandês Valteri Bottas no lugar do Brasileiro Bruno Senna. Varias perguntas me foram feitas no Twitter sobre dessa informação: Bruno decepcionou? Bruno nunca teve as mesmas chances de Maldonado, tendo que emprestar o carro quase toda sexta pra Bottas? A equipe fez uma boa troca?

A primeira coisa que fica clara é que esse troca-troca de pilotos todos os anos (Hulkenberg, Maldonado, Senna, Bottas) não é positivo para equipe nenhuma e indica que a Williams não está tendo a calma necessária para fazer apostas de longo prazo bancando as apostas anteriores até ter certeza de sua viabilidade e muitas vezes priorizando dinheiro à talento - embora se diga que Bottas levaria menos patrocínios que Bruno.

A Williams, assim como quando dispensou Barrichello, também ficou dividida com a dispensa de Senna, pois há uma turma interna que queria a permanência do brasileiro para que ele mostrasse, já mais experiente e sem ter que emprestar o carro nas sextas-feiras, um melhor desempenho ano que vem, mas Toto Wolff, sócio da equipe e agente de Bottas bateu o pé e, mostrando os bons tempos do finlandês nos treinos de sexta, se convenceu que era uma melhor aposta a longo prazo (algo que como disse, ele nem sempre esperaram pra ver).

O piloto brasileiro se viu muito prejudicado na busca pelo acerto do carro nos fins de semana com essa necessidade de emprestar o carro à Bottas quase todos os primeiros treinos. Isso pesa sim no fim de semana. Mas, além disso, ficou no ar que ele ficou devendo em relação a Maldonado mesmo descontado isso: O venezuelano se classificou quase sempre à frente dele e passou ao Q3 muito mais vezes que Bruno e por mais batidas, rodadas que tenha aprontado, quem ganhou uma corrida e fez uma pole position foi Pastor.

Se a Williams fez bom negócio ou não, só tempo dirá, mas a escolha de ter mais um novato sempre tem suas implicações negativas para o time, pois inicialmente apenas Pastor vai dar contribuições mais significativas para a evolução e acertos do FW35, ao passo que Valteri, mesmo que aprenda rápido, ainda estará um passo atrás, descobrindo o caminho das pedras, como Hulkenberg no começo de 2010, e quando comparado à equipes com dois pilotos mais rodados, pode tornar lenta a evolução da equipe como um todo.

Ao meu ver, portanto, a equipe errou ao dispensar Senna, como errou quando fez o mesmo com Barrichello e com Hulkenberg, pois tenho certeza que sem ceder seu lugar nos treinos de sexta-feira e já mais experiente, Bruno teria um 2013 bem melhor. É um conceito simples: com pilotos melhores e mais rodados, a equipe alcançaria melhores resultados, pontuaria mais, chegaria mais à frente no campeonato de construtores, ganharia mais dinheiro da F1 e se tornaria mais atrativa à grandes patrocinadores, escapando da necessidade de pilotos pagantes. Mas eles optaram pela visão de curto prazo, por melhor que Bottas venha a ser.

Mas a decisão está tomada e agora resta lidar com os fatos não com os "e se" da vida.  Quais as alternativas reais para Bruno Senna? Segundo falei com gente próxima a ele, Force Índia e Caterham não alternativas reais e a Lotus, que ainda não confirmou Grosjean, não é uma possibilidade real, pois a petroleira francesa Total o quer (e banca) por lá, mas se houver condições, adorariam conversar. Mas vamos falar das alternativas concretas: Na Force Índia, por ser uma equipe competitiva, a vaga custa mais caro e a competição é maior, com Sutil, Bianchi, Razia e Alguersuari. Sutil tem a simpatia de Vijay Mallya pelos já comprovados bons serviços prestados e teria algum apoio financeiro dos computadores Lenovo. Bianchi tem o apoio da Ferrari e como a Force Índia poderá trocar os motores Mercedes pelos italianos em 2014, as coisas poderia já ir se adiantando, mas a inexperiência do piloto pesa, já que a equipe quer alguém com bagagem suficiente para pontuar e desenvolver o carro desde o começo, não um "aprendiz" em fase de desenvolvimento. Razia foi bem visto nos testes que fez por lá meses atrás, conta com bons patrocínios (não tão ricos como a imprensa alemã circulou) e é vice-campeão da GP2, mas assim como Bianchi, estrearia na F1 e essa inexperiência poderia pesar negativamente. Por fim Alguersuari, que desde o começo do ano "ameaça" fechar com alguma boa equipe e nunca fecha, ficando muito só no gogó, mas tem lá seu prestígio e algum dinheiro, mas nada de extraordinário que o bote na liderança.

Quanto ao Senna, teria cerca de 10 milhões de dólares em patrocínios para essa vaga e 2 anos e meio de experiência, além do potencial de marketing do sobrenome Senna, que não é desprezível. Além disso, se olharmos 2012, ele frequentou mais a zona de pontuação do que seu veloz companheiro e isso tem sim, seu peso também.

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Já na Caterham, apesar de ser uma equipe menor e com menos chances competitivas, a briga também é dura, pois também conta com gente boa no páreo (além de Senna, tem Razia, Van der Garde, Petrov, Kovalainen...), mas certamente o valor para correr lá que Senna e seus apoiadores estariam dispostos a levar seria menor, já que a exposição das marcas e retorno publicitário também o seriam, lá no fim do grid - a equipe teria que topar esse valor menor e o piloto poderia correr o risco de ver alguém com mais dinheiro cobrir a oferta.

Além disso, Grosjean ainda não foi confirmado na Lotus, então embora seja mais difícil (e mais caro) correr lá, vai que uma grata surpresa aparece de última hora.

A favor, de Bruno nessas duas equipes, além dos mesmo fatores que coloquei nos parágrafos anteriores, teria a marca de motores Renault, que tem interesse (não é confirmado) em ver o sobrenome Senna continuar atrelado à sua marca.

Vamos aguardar e ver como isso vai terminar, mas aquilo que disse na minha coluna de semana passada continua valendo: tem muita gente (boa) que vai ficar a pé...


Balanço de temporada - 1ª parte

RED BULL: A equipe teve o melhor carro do grid, mas não em todas as corridas. Por vezes era a McLaren que tinha o melhor equipamento, mas no segundo semestre do ano Adrian Newey conseguiu evoluir seu RB8 com o bico mole, escapamentos e asas redesenhadas e o carro passou a sobrar em quase todos os circuitos (sobretudo os projetados por Tilke), ainda que tenha sofrido com problemas de confiabilidade maiores que a Ferrari, a melhor nesse campo. Com a estabilidade das regras, a base do carro de 2013 será o carro dessa temporada, que já é muito bom e possibilita que já se atentem a um maior refino das coisas cujos conceitos já estão estabelecidos e compreendidos - Posição no Campeonato de Construtores: 1º

Sebastian Vettel: O piloto praticamente não errou esse ano, apagando imagens dúbias que havia deixado em 2010 e, já em menor intensidade, em 2011. Quando não tinha o melhor carro não se deixava abater e tratava de pontuar e tão logo seu carro ficou em ponto de bala, retomou o caminho do topo. Tem tudo para começar 2013 muito bem emocionalmente, do alto de seu merecido tricampeonato- Posição no Campeonato de Pilotos: 1º

Mark Webber: No inicio do ano deu a entender que poderia repetir a canseira que deu em Vettel vista em 2010, mas essa promessa não se cumpriu e embora não tenha sofrido como em 2011, ficou devendo no geral, errando mais, por exemplo, do que o companheiro menos experiente, ainda que descontemos os contratempos mecânicos que lhe atingiram mais que ao alemão. Vai para aquela que deve ser sua última temporada na equipe e um bom desempenho pode lhe abrir portas em alguma boa equipe média, quem sabe. Posição no Campeonato de Pilotos: 6º

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FERRARI: Começou a temporada com um carro muito inferior aos de seus rivais diretos. Aliás, começou atrás até das equipes médias e, apesar do túnel de vento descalibrado que dava informações erradas de sobre as peças projetadas acarretando resultados insatisfatórios nas pistas, os italianos conseguiram tornar o carro mais competitivo, melhorando o desgaste crônico de pneus (usaram o túnel de vento da Toyota, na Alemanha) a ponto de conseguir vitórias ocasionais, quando a concorrência vacilava e - sobretudo - pontuar sempre que possível, mérito da extrema confiabilidade do F2012. Como se dedicaram muito a tentar levar o título desse ano, devem estar mais atrasados do que gostariam nos toques finais do carro de 2013 que deverá ser completamente novo já que o carro desse ano não é exatamente um foguete que apenas precisa de pequenas melhorias. Posição no Campeonato de Construtores: 2º

Fernando Alonso: Para mim, o melhor piloto do grid nessa temporada, tirou tudo do carro quando podia, sabendo extrair a máxima motivação de sua equipe e dele próprio, cometendo poucos erros - que aconteceram, já que quase sempre tinha que tirar no braço mais do que o carro tinha para dar e com sua visão de longo prazo e velocidade pontuou muito para o carro que dispunha. O sabor amargo da derrota deve motivá-lo ainda mais para tentar, finalmente ganhar seu terceiro título após seis anos de jejum. Posição no Campeonato de Pilotos: 2º

Felipe Massa: Começou muito mal o ano, deixando a desejar em classificações e em corridas, chegando a até mesmo se questionar se ele servia mesmo para isso e tendo que lidar com críticas pesadas da imprensa brasileira e até mesmo ofensas dos colegas italianos, que pediam sua cabeça. Após as férias de meio de ano o que se viu foi uma vertiginosa recuperação, com Felipe pontuando muito e por vezes até eclipsando o desempenho de Alonso nas classificações e corridas, quando teve até que abrir espaço para o espanhol, já que era mais rápido. Se começar 2013 com o espírito e desempenho desse último semestre, terá uma temporada das melhores e aí vai a pergunta prematura: se ele começar na frente, a Ferrari vai apoiá-lo como fez com Alonso? Posição no Campeonato de Pilotos: 7º


Amanhã, McLAREN e LOTUS